O FC Porto conseguiu, aparentemente, controlar o
jogo durante mais de uma hora, mas foi sempre incapaz de controlar os
contra-ataques do Manchester City, uma equipa inglesa travestida de italiana,
pelo menos no que diz respeito ao cinismo. O resultado acabou por ser muito
castigador e vergonhoso para o ainda detentor da Liga Europa, que protagonizou a
situação insólita de sofrer um golo aos 19 segundos depois de, imagine-se, ter
perdido a bola logo na saída de bola. Tão ou mais inadmissível num clube que já
gasta mais de cem milhões de euros por época acabaram por ser os dez minutos de
delírio total em que o FC Porto sofreu três golos de rajada. Um castigo que
penaliza cada vez mais Vítor Pereira, cuja única via possível de salvação passou
a ser agora a Liga portuguesa. E já nem é certo que isso baste para lhe garantir
o lugar...
O FC Porto tinha mais bola, mas circulava-a como
num ataque de andebol, da esquerda para a direita e vice-versa. Sem conseguir
entrar na área. James dava continuidade ao jogo, mas não criava desequilíbrios.
E a mobilidade do tridente atacante (Varela surgiu amiúde no meio) não bastava
para criar desequilíbrios nas duas linhas recuadas do City.
A estatística
ajuda a compreender o jogo. Faltou agressividade ao FC Porto, que só cometeu
oito faltas, metade das do adversário. Teve mais cantos (8-4) e mais remates
(17-9), mas só acertou três vezes na baliza, ao contrário do City (5).
O FC
Porto pagou a argúcia do adversário, mas também o excesso de erros próprios. O
principal réu foi Rolando, que esta época teima em fazer disparates e em deixar
a equipa em inferioridade numérica. Otamendi falhou o lançamento antes do
contra-ataque no 1-0. Maicon esteve disparatado no segundo golo, colocando Dzeko
em jogo. Alex Sandro arriscou em demasia no passe para Fernando no lance do 3-0
e Sapunaru cortou mal a bola na jogada do 4-0. Do lado portista, foi um jogo em
que praticamente ninguém saiu inocente. A começar pelo treinador, que nunca
percebeu que Mancini lhe deu a bola para o enganar.
Parte da crónica de Bruno Prata, publicada no
jornal Publico.
Mais do que uma questão de falta de pontaria e de
um anormal acumular de disparates cometidas pelos jogadores que englobam a
defesa do FC Porto, ficou demonstrado uma vez mais, a falta de um ponta de
lança de créditos firmados, e de um ou mais jogadores com capacidade de choque neste novo plantel que disputou
a taça UEFA.
Enquanto os adversários tiveram o raçudo e enorme
Yaya Touré que cometeu 6 faltas assinaladas, ou seja 35% do total das faltas
cometidas pela sua equipa, houve jogadores do FC Porto, que nem uma falta
cometeram na procura da bola, como por exemplo; Varela, Hulk, Maicon, James
Rodrigues, e por incrível que pareça o defesa Otamendi.
A jogar uma eliminatória deste calibre, o FC Porto
comportou-se mais como um cordeiro preparado para a degola, do que uma equipa
raçuda e que procura rápidamente a bola de todas as maneiras possíveis, não
deixando o adversário saír a jogar com a mesma controlada.
Mais do que ter a
bola, Mancini, deixou que o FC Porto se recriasse com a bola em determinados
setores do campo de maneira a poder desferir o contragolpe, deixando as linhas de
defesa da baliza do FC Porto demasiado expostas e descordenadas.
Demasiado veludo e tapetes vermelhos estendidos ao
adversário, originaram uma das maiores derrotas do FC Porto a nível Europeu.
Este ano, ja me relembrei inúmeras vezes daquele treinador
meio poeta, que confiante nas fáceis vitórias, ao entrar na Antas, afirmou a plenos pulmões; É Gomes
e mais 10, e viu-se como acabou.
No arranque desta época, Pinto da Costa também o afirmou categoricamente; É Hulk e mais 10!
E você caro leitor, o que acha disto tudo?
Será que vamos assistir ao lento definhar de Vítor Pereira, após mais uma triste demonstração pública da Sad ao ex treinador Villas-Boas, ou haverá adrenalina suficiente do atual treinador para retomar a liderança do barco e alcançar a liderança do campeonato, saindo posteriormente por cima?