Hoje no Dragão, o F.C.Porto proporcionou aos seus
adeptos e apoiantes um belíssimo recital de futebol contra o Vitória de
Setúbal, com 2 momentos bem distintos em termos de filosofia de jogo. Na
primeira parte, o F.C.Porto apresentou-se em posse de bola e com muitas tabelas e
passes entre os seus elementos, mas tudo num ritmo algo lento e denunciado,
misturado com algumas confusões na ocupação dos espaços. Mesmo assim, o
F.C.Porto numa toada calma, lá foi empurrando o autocarro que a equipa do
Vitória de Setúbal colocou em campo, na esperança de proteger todos os
caminhos para a sua baliza.
Com o passar do tempo, os jogadores do Setúbal
foram-se colocando cada vez mais dentro da sua grande área defensiva, já que a
equipa do F.C.Porto apresentava-se cada vez mais asfixiante na procura da bola,
uma vez que tinha as suas linhas muito subidas, e com isso cortava o mais
possível os espaços, não permitindo ao Setúbal sair em posse da sua defesa para
o ataque. A meio da primeira parte, chegamos a ver 2 ou 3 jogadores do Setúbal a
colocarem-se dentro da sua baliza, na vontade de defender o resultado e o seu
guarda redes, Diego, o melhor jogador do Vitória Setúbal, a suster todo o ímpeto
de ataque do Porto. Nesta fase do jogo, sobressaiu mais uma vez “El
Bandido” James Rodriguez , no papel de grande maestro do jogo, uma vez que
as jogadas mais perigosas do ataque do F.C.Porto, partiam dos seus
pés.
Mesmo num jogo algo confuso, o F.C.Porto foi capaz
de enviar 3 bolas aos ferros da baliza defendida por Diego, com manifesta sorte
para este último, e para grande infelicidade de Sousa, Rolando e de Kléber. Na
verdade, o lance finalizado por Kléber é o mais vistoso da primeira parte, em
que este após uma desmarcação primorosa, faz um remate cruzado, apanhando o
guarda redes desprevenido que se ajoelha, quando a bola é rematada de baixo para
cima, embatendo com estrondo na barra. Refira-se que após a bola ter saído,
Diego levanta-se e dando uma palmada na trave, agradece aos Santos, a
virgindade das suas redes, já que o resultado se mantinha teimosamente num
nulo.
Bem a 2ª parte deste jogo, é outra história com a
entrada de Moutinho para o lugar de Sousa, que diga-se em abono da verdade, até
estava a fazer um bom jogo. Mas como disse Vítor Pereira, retirando um fixo e
colocando 2 volantes a transportar bola e a criar linhas de passes, a primeira
estrutura defensiva do autocarro do Setúbal, foi-se desmoronando, porque se
marcavam Bellushi, sobravam Moutinho ou Defour ( bela exibição do Belga, quase
coroada com um golo, se não fosse mais uma excelente defesa de Diego a
negar –lhe o feito), para lançar o perigo no seu último reduto.
Aos 52 minutos, o momento de abertura do ferrolho
da baliza de Setúbal. Numa insistência de Belluschi na procura da bola, esta
sobra para Moutinho, que acariciando a mesma, aplica-lhe um potente remate de
fora da área, rasante à relva, em direção ao canto inferior do poste esquerdo da
baliza de Diego, e apesar do seu estiraço, foi sem possibilidades de
defesa.
Estava feito o mais difícil.
Contudo, o Setúbal que até a altura em que sofreu
o primeiro golo, pouco se tinha interessado em atacar a baliza do FCP, encheu-se
de brios e apesar de uma oferta da defesa do F.C.Porto, mais uma por falta de
agressividade na procura da bola, João Silva não foi capaz de bater a valia e
experiência confirmada de Helton.
Vítor Pereira, sentindo o adormecimento da sua
equipa, lança Hulk no desafio por substituição de Kleber. Em boa altura o fez,
porque a partir desse momento, a mais valia técnica da equipa veio ao de cima,
com jogadas vistosas e bem delineadas pelo meio campo e ataque do F.C.Porto.
O expoente máximo desse período é a obra prima do
2ª golo, concretizada por James Rodriguez, mas abrilhantada e açucarada por Hulk
com um passe de calcanhar, após desmarcação primorosa de Bellushi, que tinha
recebido na entrada da área, um passe de Defour, a rasgar a primeira muralha da
linha defensiva.
Com este 2º golo, o que restava de capacidade
defensiva do Vitória de Setubal esbateu-se, chegando o F.C.Porto ao 3º golo
através de um remate de fora da área protagonizado por Belluschi que tanto tinha
trabalhado na procura do mesmo.
Como dizia Vítor Pereira na conferência de
imprensa após o jogo, e depois de um enorme elogio a Hulk, “por este
ter demonstrado toda a sua humildade e valia de craque, já que se disponibilizou
a ficar no banco de suplentes e quando chamado a jogar demonstrou mais uma vez
toda a sua classe, virtuosismo e alegria em disputar o jogo”, que esta equipa do F.C.Porto é mesmo recheada
de grandes e belíssimos jogadores.
Por esse facto, e mediante a capacidade técnica de
cada elemento da equipa, existem hoje mais variantes na concretização dos lances
de ataque do F.C.Porto, sinal disso são os 2 golos de remates de fora da área,
deixando assim as equipas adversárias com dificuldades de marcação aos
finalizadores, já que qualquer um deles o pode ser, e com qualquer tipo de
lances organizados ou individuais de ataque.
Em resumo, belo jogo de futebol muito bem disputado,
com momentos e lances para todos os gostos e interesses, e no qual depois do que vimos, só
podemos esperar grandes alegrias e grandes conquistas, por parte dos de azul e
branco equipados.