Os Invencíveis Azuis e Brancos: A razão de Vítor Pereira, na filosofia do Barcelona.

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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A razão de Vítor Pereira, na filosofia do Barcelona.


Para os mais distraídos nestas coisas do futebol, e que não se apercebem da movimentação dos jogadores, e do trabalho que estes desenvolvem, e que só resumem a disputa de um jogo de futebol, ao mero trabalho do árbitro ou do resultado que o jogo apresenta no fim, gostaria de lhes lembrar algumas considerações sobre o último jogo entre o Real Madrid e o Barcelona FC, com a vitória de 1-3 para os blaugrana.

Os equívocos sobre a forma e beleza de jogo que as equipas apresentam existem e por vezes são diametralmente opostas ao que na realidade as equipas executam como princípios de jogo. Por exemplo, um dos equívocos, é que o Barcelona, ou outra equipa qualquer do mundo, jogue pela beleza do jogo, ou para agradar ao seu público.Esse é um dos maiores equívocos que fazem a este Barcelona.

Quem o disser, e continuar a escrever "parangonas" de jornais, realçando o espectáculo e a beleza futebolística, ou anda distraído ou não sabe, o que é a competição, e os montantes financeiros que estão envolvidos nesta industria dos pontapés na bola.
Até nos conceitos de jogo, o Barcelona tem um rótulo equivocado, ao que realmente faz dentro do rectângulo das 4 linhas.

O que o Barcelona executa, e que é digno de admiração mundial, é na realidade diferente do que imaginamos. O Barcelona não joga o jogo pelo jogo, e nem defende que a bola seja para dividir entre os 22 jogadores que se encontram no terreno do jogo, e que emprestam beleza ao jogo, na disputa da mesma. 

O que o Barcelona faz, é precisamente o contrário, pois coloca as equipas adversárias em tantas dificuldades, dignas de se ter dó, completamente desfasadas da bola e dos espaços, numa confusão tal, que a mesma só é comparável ao de uma vitima que tenha sido recentemente atropelada, e ainda não tenha recuperado totalmente a consciência.

Uma equipa que apresenta em média uma posse de bola na ordem dos 60% a 70%, não é uma equipa democrática para o seu adversário. É uma completa e agressiva ditadura, na guarda da única bola em campo, pois só com ela é que se consegue vencer.

No último desafio no Santiago Bernabeu, poucos se aperceberam após a marcação do golo do Real Madrid, que Josep Guardiloa, se tenha dirigido calmamente à linha lateral, e tenha mudado o posicionamento de Busquetes, com este novamente a ser a pedra basilar da defesa, e do meio campo do Barcelona, em que comanda o primeiro momento de construção do jogo do Barcelona.

O posicionamento de Ozil do Real Madrid, mais junto a Benzema tinha sido uma surpresa que José Mourinho, lhe destinou para este jogo, e com a qual, o treinador do Barcelona não esperava receber.

Após esta mudança, muito ténue para olhos menos experientes, o Barcelona colocou-se com 4 defesas quando perdia a bola, passando somente a 3, quando na posse da bola, já que Busquetes em dupla função, avançava no terreno e juntava-se a Xavi, para ser mais um a dar maior poder ao Barcelona nessa zona do campo, ajudando Xavi, Messi ou por vezes Fabregas, ou Iniesta, a ultrapassar o muro Alonso, Diarra do Real Madrid, sem mudar o posicionamento dos restantes colegas.

Encostar Dani Alves como extremo, para que este não deixasse Marcelo subir e apoiar Cristiano Ronaldo no ataque, e com Iniesta no flanco contrário a dar muito trabalho a Coentrão, sem que este alguma vez tenha passado da sua linha do meio campo, foi meio caminho andado, para prender e amarrar metade da equipa do Real Madrid, no seu meio campo defensivo. 

Compreende-se que os olhos da crítica se tenham simplesmente concentrados no desvio de Alexis Sanchez para o lugar de ponta de lança, normalmente vago no sistema deste Barcelona de Guardiola. Mas já não se entende a  omissão do que foi preciso fazer para o permitir executar, e logo contra o ataque mais poderoso do mundo.

A dupla função que Busquetes desempenhou neste jogo, e em quase todos os difíceis jogos que o Barcelona enfrenta, tem sido a chave do sucesso desta enorme equipa, para um planeta já tão pequeno para o aclamar. 

Busquetes desempenha com mestria neste Barcelona, o que Guardiola fazia, quando era jogador de futebol do Barcelona, mas em que não tinha na sua equipa 4 fabulosos jogadores como Iniesta, Xavi, Fabregas e esse monstro Lionel Messi.

Para muitos senão a maioria, o Barcelona é ataque, golos, audácia, liberdade de movimentos, e tudo o que de maravilhoso o futebol tem.

Jamais alguém ousará afirmar, que este Barcelona, é acima de tudo, uma equipa muito bem trabalhada defensivamente, com automatismos bem vincados e disciplinados, sem vedetas de qualquer espécie, e em que se cumprem as instruções do líder à risca, e em que nas bolas paradas ou despejos para a área, ninguém dá pela presença de 7 jogadores de pequeno porte.

Se alguém pensa que este Barcelona é um paraíso de artistas, que pense um pouco e se recorde do que sucedeu a jogadores tão fantásticos como Quaresma e Simão Sabrosa, quando por lá passaram? 

A dispensa foi o caminho mais certo, porque este Barcelona, nunca foi um paraíso de artistas, pois não existe espaço para vagabundos dentro do campo, que só se preocupem em fazer o que lhes apetece, sem perceberem que esta equipa do Barcelona nada mais é do que a mais pura afirmação total de trabalho, da ordem e do colectivismo, em prol do resultado que é a vitória.

Nesta equipa não existem jogadores com atitudes como a que C. Rodriguez  do FC Porto, ainda recentemente teve, no último desafio entre o FC Porto, e o SC Braga, em que por desleixo e desinteresse no colectivo, não acompanhou o seu adversário, permitindo que este fizesse  o cruzamento para o 2º golo, do Braga.

Neste Barcelona, não cabem jogadores com este tipo de mentalidade, nem atitude competitiva.
Razão tinha Vítor Pereira em lhe ter chamado à atenção, porque o colectivo é mais importante que o individuo.
 Quem assim não o perceber, não terá sucesso no futebol do séc. XXI.

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